Monday, April 06, 2009

Lições da Vida -> Capítulo 32

Cada ano é apenas um capítulo do livro de nossas vidas. Quase duas semanas atrás, encerrei o capítulo 31 e comecei a escrever o trigésimo segundo. Por mais incrível que possa parecer, ele começou com parte do conteúdo mais importante. É como se fosse o capítulo com as respostas das FAQ – Frequent Asked Questions.
As últimas páginas do Capítulo 31 estavam recheadas de perguntas existencialistas e de uma tristeza sem fim, que parecia inexplicável. De repente, a reviravolta no início do capítulo seguinte. A pergunta que eu sempre me fiz foi “por que eu tenho tanto medo de enfrentar um ‘não’?”. Depois de uma noite de mimimi, finalmente cheguei à parte da resposta.
Passei um final de semana toda tristonha por causa de duas pessoas. Ou melhor, por causa das caraminholas que foram acordadas ao ouvir os discursos de duas pessoas. O primeiro disse o quanto me achava incrível, inteligente e o quanto prezava por esta amizade. Disse que tinha certeza de que me veria com filhos, com netos e me “xingou” quando eu disse que não arriscava. O segundo disse o orgulho que sentia ao dizer que me conhecia há 9 anos, o quanto me admirava. Estes elogios todos funcionaram com uma faca de dois gumes. Se, por um lado, meu ego havia sido massageado como nunca, por outro, a cabeça começou a funcionar ininterruptamente tentando entender por quê, sendo tão perfeita, eu continuo tão sozinha, no sentido “crescei e multiplicai-vos” da coisa.
Foram quatros dias de engrenagens a todo vapor até aquele jantar em que mimizei tanto entre uma garfada de batata e outra de shimeji ou shitake. Conversamos bastante, muita coisa ficou mais clara e, pela primeira vez, eu não usei frases como “eu sei” ou “eu também penso/acho”. Voltei pra casa maquinando mais um pouquinho.
De repente, de um pensamento nada a ver, veio a resposta. Talvez o medo da rejeição esteja intimamente ligado ao medo da solidão, por mais antagônico que isso possa parecer. Se eu não tento, não corro o risco de falhar ou ser rejeitada. Se eu não falho, não arranho a minha imagem de Super Heroína (ainda que eu seja só uma analista de sistemas do banco da minha vida que valoriza as ideias*). Consequentemente, não arrisco ser uma decepção pra aqueles que me amam que, assim, não me abandonarão. Ufa! Agora a cadeia parece ser simples de ser entendida, mas não é bem assim. Até achar todos os elos, demorei. Sou loira.
Por isso, estou no processo de enfiar na minha cabeça que as pessoas gostam de super-heróis, sim, mas no cinema, nos gibis ou na TV. Na vida real, todo mundo gosta de gente de carne e osso, que erra, que aprende com seus erros, que insiste nos erros. E até no mundo fantástico todos têm fraquezas: a kryptonita está para o Super Homem assim como o Robin está para o Batman e as tentativas estão pra mim. Simples assim.
Como mudar?
Ainda estou buscando soluções pra esta questão. “É só agir diferente”, diriam os práticos. Quisera eu conseguir agir diferente do dia pra noite. Este final de semana, eu até tentei um pouquinho. Andei até o moço, mas, após encostar a mão no ombro dele e ele encostar a mão no meu e sorrir, abaixei a cabeça e dei meia-volta. Voltei ao ponto de partida emburrada pra cacete. No entanto, eu tenho obrigação de desemburrar porque eu dei o primeiro passo. Hora de ter orgulho disso, não é? Eu fui até lá e falhei. Gente, eu FA-LHEI. E, nem por isso, deixei de ganhar abraço dela, carinho dele, empurrões dele ou xingamentos dela. Nada mudou. O chão não rachou, o céu não ruiu. Tudo começou como antes, exceto eu. Porque eu TENTEI.

* Não consegui escrever isso sem lembrar do piti que "ele" deu quando estava bêbado.

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1 Comments:

Blogger Agência Pump Comunicação e Resultado said...

Hey, Protetora!!!

SPECIAL THANKS!!!
consegui...


devagar, vou aprendendo!!!
beijo especial, tbm!!!

8:48 PM, April 08, 2009  

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