Wednesday, December 10, 2008

Traumas Transformados em Impulsos

Então é que o senso intimo mostra ao coração a sua ignomínia e miséria. A consciência regenera-se, e o coração, reabilitado, avigora-se para o amor impoluto e honroso.

Assim é que as enseadas serenas estão para além das vagas montuosas, que lá cospem o náufrago aferrado à sua tábua. Sem o impulso da tormenta, o náufrago pereceria no mar alto. Foi a tempestade que o salvou.

Além de quê a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas: é idílio de curto fôlego; no sentir intraduzível da consciência é que ela encerra epopéias infinitas - enquanto que a desgraça não demarca balizas à experiência nem à imaginação.


Camilo Castelo Branco,1864, na carta do autor no livro Amor de Salvação



Amor de Salvação é talvez o grande responsável pelo meu trauma em relação à leitura, visto que fui obrigada a lê-lo aos 12 anos, em plena sexta série. Não li, claro. Aproveitei o vício da minha mãe pela leitura e a agraciei com o livreto. Ela não conseguiu lê-lo. Entreguei um resumo ridículo e ganhei uma nota à altura.
Hoje lembrei dele e pensei em buscar um trecho para poder embasar o meu trauma. Achei o livro em versão para download gratuito (e não colocarei o link, claro... porque eu usei o Google e você também pode usar). Aí achei esta carta do autor. Não é que bateu uma vontade de tentar encarar este livro novamente? Talvez agora eu esteja preparada pra ele e ele, pra mim. Ou não.

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